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Foto do escritorLilian Quatrocchi

A mulher que habita em mim saúda a mulher que habita em você


Eu estava com o texto pronto. Já havia feito há alguns dias. É um texto bem legal que ainda vou publicar aqui. Ahh, mas meu banho tem um poder imenso sobre mim, me traz insights, novas ideias, e cá estou eu, na véspera da data da minha publicação, minha primeira publicação neste canal, escrevendo do zero, em uma folha inteirinha branca.

Vou te contar o que me fez mudar de ideia e deixar meu texto pronto para ser publicado em uma próxima vez.

Minha coluna está no pilar sobre “Profissão”. Iniciamos esta semana com o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Tantas reflexões neste dia. Na verdade em quase todos os dias, mas esta semana as reflexões estão mais intensas do que nunca. Na empresa em que trabalho, uma multinacional de um segmento tradicionalmente masculino, tivemos sessões de bate-papo com as mulheres sobre como nos sentimos trabalhando na empresa, falamos também sobre como podemos criar uma rede de conexão e de ajuda, sobre como podemos equilibrar vida profissional e pessoal, principalmente neste período de home office, nos questionamos, por exemplo, o por que sofremos tanto com a Síndrome da Impostora, falamos sobre estes e muitos outros temas.

Assim, me senti levada, nesta semana, a escrever sobre algo que durante minha jornada profissional eu senti pelo menos uma vez ou que eu escutei de outras mulheres durantes minhas sessões de facilitação de treinamento ou atendimento terapêutico.

É, não é fácil. Assumimos muita responsabilidade, muito peso nas nossas costas. Queremos mostrar que podemos, que suportamos tudo e todos, que somos fortes, mais fortes. Que somos melhores. Ah... quanta necessidade de mostrar que somos melhores. Principalmente melhores que os homens. Será que assim consigo uma promoção? Ou será que não sou boa suficiente para ser promovida? É, melhor ficar onde estou, aprender mais, estudar mais e então tentar subir um degrau mais para frente. E então, chega o momento e somos promovidas. Ao invés de celebrar, começamos a nos questionar se realmente saberemos atuar em uma posição de liderança. Será que os homens quando são promovidos se questionam assim também? Será que sabemos que as mulheres (claro que nem todas) se questionam, pois, elas verbalizam suas dúvidas e inseguranças? Será que os homens sofrem também, mas em silêncio? Difícil saber. Talvez você, leitor, esteja respondendo em sua mente essas perguntas. Me conte.

Como se não bastassem tantas dúvidas específicas sobre “carreira”, temos nossas dúvidas sobre o equilíbrio entre ser a mulher empreendedora e cuidar da família. As mães podem sofrer ainda mais. Carregamos uma culpa imensa, uma culpa por estarmos focadas na nossa reunião pelo zoom enquanto nosso filho pede uma ajuda com a lição de casa ou com a aula online. Quanta culpa. Quanto peso. Mas será que se eu deixar a bagagem da culpa de lado, não serei muito egoísta? É, pode ser. Melhor então pegar a bagagem da culpa de volta e colocar nas costas. Melhor seguir culpada do que egoísta. E seguimos reclamando... nos queixando... Seguimos sobrecarregadas...

E assim carregamos muito mais do que deveríamos. Já não basta o que há de real nessa vida? Já não basta a história que carregamos?

Penso que seria prudente começarmos a reconhecer esta história que carregamos, honrá-la, agradecê-la por ter feito parte, por ter nos ensinado tanto e, então, deixá-la. Deixá-la junto com todas as crenças que nos apegamos, com todos os hábitos e padrões que não devem mais fazer parte de nós.

Penso que seria fundamental para escrevermos uma nova história trabalharmos focadas no auto empreendedorismo. Sabe o que é isso? É empreender em nossa própria vida. Isso é transformador. Ser empreendedor de si mesmo é tomar para si a responsabilidade pela própria vida. É buscarmos diariamente o autocuidado, o amor-próprio. É cuidarmos antes de nós para podermos cuidar dos outros. É desenvolvermos as habilidades que promovem o equilíbrio e a saúde física e mental. É buscar ajuda profissional, parceiros especiais que poderão contribuir para a grande jornada de transformação de nossa própria vida.

Quando empreendemos conseguimos seguir em liberdade, melhorando não apenas nossa vida, mas também as próximas gerações. Quando empreendemos podemos manter uma saúde mental e física, condição fundamental para uma vida de equilíbrio.

Nós, mulheres, temos, desde sempre, anseios selvagens, mas aprendemos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Mas no fundo, sabemos sim espreitar de dia e de noite. Somos como uma loba, somos robustas, plenas, temos uma enorme força vital, geramos vida, temos consciência do nosso território, somos engenhosas e também leais. Não estamos aqui para sermos franzinas. Sabemos saltar, sabemos parir, sabemos criar uma vida.

Carregamos histórias, sonhos, palavras, canções, signos e símbolos. Sabemos sim falar e agir com consciência. Aprendemos através do amor. Isso tudo está dentro de nós. É sim a nossa história.

Eu te convido a abençoar a sua essência, a sua maneira de se expressar, mesmo que alguém possa não entender. Eu te convido a renunciar ao papel de salvadora dos outros. Eu te convido a te entender e a te respeitar pois somente você conhece e experimentou a sua história. Eu te convido a te respeitar, a te aprovar e a seguir em frente.

Sigamos mais leves, seja no meio corporativo, seja em casa com a família, seja com os amigos. Eu te convido a não carregar o que não é seu ou o que não te pertence mais. Sejamos leves. Sejamos líderes e colaboradoras. Sejamos mulheres. Com muito orgulho.

A mulher que habita em mim saúda a mulher que habita em você.



Lilian Quatrocchi

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